Porque a informação marca a diferença

A nova ordem a que assistimos é determinada pela apreensão de informação e sustentada pela capacidade de geração de conhecimento a partir desta. É a informação e o conhecimento que permitem ao ser humano criar sonhos, ultrapassar barreiras, chegar mais além e, portanto, o acesso a eles é determinante para a realização individual e colectiva.
Vale a pena fazer uma retrospecção neste domínio para ganharmos maior consciência deste facto:
Os livros antigos eram colecções de placas de metal, de madeira, de argila, de cascas de árvore ou de folhas. Com o tempo, passaram a ser feitos em papiro ou em pergaminho. O papiro era uma espécie de papel primitivo, feito com o caule da planta do mesmo nome. O pergaminho era feito com pele de animais, principalmente carneiros e cabras, cuidadosamente preparada. As folhas de papiro ou de pergaminho eram emendadas, formando longas tiras de alguns metros de comprimento e enroladas para facilitar o manuseamento, ou mesmo cosidas formando um caderno.
Antes da invenção da imprensa, os livros eram arduamente copiados à mão, um por um, o que aumentava em muito o seu custo. Eram poucos os que se podiam dar ao luxo de possuir uns poucos livros. Isto, naturalmente, tornava a aquisição destes livros, no fundo o acesso à informação, um privilégio só ao alcance de determinadas classes da população.
A cultura antiga não estava baseada na palavra escrita e os conhecimentos eram transmitidos principalmente através dos mestres, dos poetas e dos cantores, que recitavam de aldeia em aldeia os antigos poemas sobre os feitos de heróis e deuses. A informação era assim divulgada por estes canais.
Um destes livros, a Bíblia, foi escrito à mão com recorrência a estes materiais: pergaminhos e papiros. Para se obter um livro com a dimensão da Bíblia e em caracteres desenhados com o auxílio de estiletes, seria, por certo, um enorme volume incomportável para que alguns homens pudessem carregar. Não havia então mais de 30 Bíblias completas em todo o mundo. Nestes tempos, o acesso dos devotos às Sagradas Escrituras já estava dificultado pela ausência de ferramentas e técnicas que permitissem a sua fácil divulgação. Adicionalmente, os escritores bíblicos eram hebreus, língua muito restrita ao respectivo povo, o que limitava ainda mais o acesso a este livro. Os padres eram geralmente os únicos membros das comunidades que possuíam uma cópia da Bíblia e isto significava que as respectivas interpretações não podiam ser contestadas.
O controlo das fontes de informação significava também o controlo das ideias, da cultura e da sociedade.
A imprensa de Gutenberg veio irremediavelmente mudar o mundo. Permitiu que fossem feitas cópias de livros a preços mais acessíveis. De imediato foram disponibilizadas largas cópias de Bíblias (de 42 linhas e a Bíblia Latina) a custo acessível.
Este evento da nossa História proporcionou que uma maior parte da população pudesse, então, então ter as suas próprias fontes de informação religiosa, não controladas pelos padres da Igreja Católica, e, a Reforma protestante, praticamente logo após, teve início.
De facto, a imprensa e o computador têm sido, provavelmente, as maiores máquinas de mudança da história. Ambas essencialmente democráticas na forma com que removeram o controlo da informação das elites em direcção às massas.
A revolução industrial teve a sua própria maneira de processar informações. O telégrafo e o telefone foram necessários para trabalhar o grande fluxo de energia e matéria-prima nas fábricas, para controlar grandes massas de trabalhadores e para encaminhar a distribuição dos produtos. Os jornais, rádio e televisão foram necessários para que se anunciassem as grandes quantidades de produtos à venda. Ao mesmo tempo, as máquinas de somar contabilizavam os inventários e as vendas.
Mas o mundo jamais vira algo como os computadores! De longe, a mais poderosa ferramenta jamais inventada para gravar e transmitir códigos ou símbolos de representações do conhecimento humano. Foi a primeira máquina que, alimentada com adequada informação simbólica, pôde estimular o trabalho de outras máquinas, incluindo as imaginárias.
Assim, aos poucos e poucos, e com o desenvolvimento das novas tecnologias, a Sociedade da Informação foi crescendo e foi-se impondo, contribuindo, hoje em dia, para um maior desenvolvimento social e económico.